Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Vulto de importância superlativa na movida nova-iorquina desde os inícios da década de 90, Alan Licht tem vindo a mapear zonas limítrofes entre o minimalismo, o rock, a improvisação livre ou a sound art, numa obra em processo constante de enlaçamento informado e claro que passa não só pela música mas também pela instalação e pela escrita - em particular para a britânica The Wire. Numa gestalt onde todos esses ofícios se vão influenciando e referenciando mutuamente, Licht tem difundido trabalho que vai da ultra-conceptualização de peças como 'A New York Minute' - colagem de previsões meteorológicas apanhadas na rádio - ou 'A Digger Choir' - performance em que o público toma parte activa na mesma através da leitura de textos e vocalizações para peças de Yoko Ono e John Stevens - ao indie rock igualmente catchy e enviesado dos idos de 90 de Love Child e Run On, com toda a matéria pela meio. Em toda essa constelação, é particularmente fulcral o seu domínio como guitarrista, numa trajectória que o tem levado a colaborar com meio mundo - Loren Connors, Jandek, Aki Onda ou Brian Chase -, a integrar os Blue Humans de Rudolph Grey ou Text of Light, ao lado de Lee Ranaldo e um ensemble rotativo de gente importante. E a solo, claro.
Neste último contexto, aquele em que chega à ZDB, Licht tem deixado marca e projectado avanços, à sua linguagem e ao instrumento, por entre discos que vão da suspensão dolente e nervosa de 'YMCA', passando pelo noise corrosivo e hipnótico de 'Four Years Later' ou pelas quase-canções instrumentais plenas de ternura do acústico 'Currents'. Para este seu giro europeu com passagem pelo Aquário, Licht traz as visões do monumental 'Havens', disco duplo com edição da VDSQ em 2024. Com origem no impacto que o sistema de som das salas teve sobre os temas de 'Currents' quando estes eram tocados ao vivo, de onde emergia toda uma série de ressonâncias e harmónicos, 'Havens' leva essa impressão adiante em seis temas para guitarra acústica que eléctrica que assentam em linhas melódicas repetitivas assombradas por espectros harmónicos que se ocultam e revelam a um mesmo tempo. Vibrações espectrais das cordas que a editora apelidou com alguma razão de 'Celestial Punk'. Ou o nervo do rock e a urgência do punk em levitação. (Texto por BS).
Abertura de Portas
18:30
Preços